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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Caveira de Táxi e de Moto


                               Caveira de Táxi e de Moto 

                                                   E velhinha mas e boa 


“Chuva… Engolfando a cidade em um manto úmido de escuridão. Chuva... Chocando-se contra uma face que outrora foi humana. Chuva... Combinada com a negra solidão da noite e criando uma triste cadência lacrimejante. Você é agora... O Motoqueiro Fantasma!”.





Sinistro e gótico, não acham? Pois foram as frases acima que apresentaram aos fãs dos anos setenta o Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider), um dos mais tétricos personagens da Marvel Comics a darem as caras naquele período, e naturalmente a nossa audiência já deve ter percebido que as suas origens e desenvolvimento serão o tema desse artigo. Todavia, antes de falarmos do Motoqueiro, voltemos um pouco no tempo, mais especificamente para os anos cinqüenta.

Naquela época o mercado americano de comics era muito mais diversificado do que nos dias de hoje, e um dos gêneros que mais obtinha sucesso junto a garotada era o Terror, principalmente através dos gibis da EC Comics como The Vault of Horror e Tales from the Crypt, que não faziam a menor cerimônia em mostrar mutilações, rituais satânicos, mortes escabrosas e outros horrores. Independente disso, os quadrinhos de todos os gêneros estavam fazendo tanto sucesso que acabaram chamando a atenção de alguns puritanos de plantão, como o psiquiatra Fredric Wertham, que se preocupavam com o impacto que tal tipo de literatura teria sobre a “formação moral” das jovens mentes americanas. O resultado dessa “preocupação” foi que a indústria de quadrinhos passou a sofrer pressões de todos os lados para “adequar” o seu produto às crianças estadunidenses, e a fim de se auto-proteger as editoras criaram o Comics Code Authority, um conjunto de normas que visava diminuir a suposta violência excessiva que existia nas páginas coloridas das revistinhas. Ora, no final das contas quem “pagou o pato” do surto moralista que varria a América nesse período foram justamente os gibis de terror, que foram todos cancelados. E nos anos subseqüentes as restrições impostas pelo Comics Code praticamente impediram o surgimento de novos quadrinhos que explorassem o sobrenatural, a morte ou o horror, mas vocês sabem como são as coisas, não há Mal que dure para sempre. Ou será que não há Mal que nunca retorne? Bom, o que importa é que no final dos anos sessenta e início dos setenta o gênero passou por um período de renascimento.



Como já foi dito acima, o Motoqueiro estreou no gibi Marvel Spotlight #5 em agosto de 1972, e essa estréia contou com a participação de Friedrich no roteiro, a arte de um jovem artista egresso da Warren chamado Mike Ploog e a supervisão editorial de Thomas. E a história que pretendemos contar começa com um viúvo chamado Barton Blaze, que trabalhava e morava em um show motociclistico itinerante comandado e estrelado por Craig “Crash” Simpson. Um dia, durante uma apresentação Barton tragicamente faleceu, deixando órfão seu filho Jonathan “Johnny” Blaze. Compadecido com a situação do garoto, Crash adotou-o, e assim o menino cresceu ao lado da filha do motociclista, a bela Roxanne Simpson. Com o passar dos anos Blaze se apaixonou por Roxanne, e seus sentimentos foram correspondidos, e para completar o quadro geral o rapazinho mostrou-se extremamente talentoso no uso de motocicletas. Porém um acidente de moto causado por Blaze feriu gravemente Mona Simpson, sua mãe adotiva e esposa de Crash Simpson. No leito de morte, Mona pediu a Johnny que ele nunca se apresentasse com motos, já que ela temia que o jovem sofresse algum acidente fatal. Blaze seguiu a risca essa promessa e se contentou em trabalhar nos bastidores das apresentações de seu pai adotivo, mas um outro tipo de tragédia acometeu aquela família: após fechar contrato para se apresentar em Nova York e tentar bater o recorde mundial de salto de motocicleta sobre uma fileira de carros, Crash descobriu ser portador de câncer em estado terminal, e descobriu também que teria apenas mais algumas semanas de vida.

Inconformado com a situação, Blaze resolveu apelar, e apelar para um sujeito que sem dúvida alguma tinha muitos recursos. Bem, como o nosso amigo desde a juventude sempre foi fascinado por Ocultismo e estudou dezenas de livros místicos, podemos imaginar a quem ele pediu ajuda. Sim, ele pediu ajuda ao Tinhoso, também conhecido como Coisa-Ruim, porém geralmente chamado por nós de... Satã! E através de um ritual mágico Blaze convocou-o, e lhe propôs a sua alma imortal em troca da cura do câncer de Crash. Satã aceitou a barganha, deixando bem claro que um dia voltaria para cobrar a sua parte. Logo após o término do ritual Crash ficou curado, e cheio de si preparou-se para três semanas mais tarde tentar bater o recorde mundial de salto de moto. Só que aconteceu algo que Blaze não esperava: durante a apresentação tudo deu errado e Crash morreu. E não demorou muito para Satã dar as caras e exigir o seu pagamento, que era uma “coisinha” de nada: dali para frente Blaze passaria os períodos diurnos no Inferno e durante a noite caminharia sobre a Terra como emissário pessoal do Cabrunco. Porém Satã não contava com a chegada repentina de Roxanne, que com algumas recitações místicas (que ela secretamente aprendeu nos livros do seu namorado) e a pureza de seu amor protegeu espiritualmente Blaze, expulsando o Capeta e impedindo-o de levar seu amado para as regiões abissais. Mas vocês pensam que tudo terminou bem? É claro que não! Assim que a noite veio, Blaze foi tomado por uma estranha febre, e repentinamente todo seu corpo se incendiou, e sua face se converteu em um crânio flamejante. Passado o choque da transformação, o nosso herói sentiu uma estranha compulsão que o impelia a pegar sua moto e sair dirigindo por ai. E também sentiu um irresistível desejo de punir todo e qualquer criminoso que cruzasse o seu caminho. E assim começou a lenda do Motoqueiro Fantasma.

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